domingo, 25 de setembro de 2011

Esperança

A viagem foi longa e dolorosa, parecia que não tinha fim. Tinham acabado de discutir, como é óbvio. Durante a viagem, chorei silenciosamente com medo que me ouvissem. Penso que apesar de não ter feito barulho eles sabiam que eu chorava, que não estava bem. Nunca me esquecerei daquela sensação. Como se um grande buraco se tivesse aberto no meu peito e, nem o tempo conseguiria cicatrizá-lo. Um sentimento de solidão, de abandono até mesmo de impotência.



Hoje, estão divorciados. Que poderia eu fazer, sendo eu uma criança naquela altura? Mesmo sabendo que não poderia ter feito nada, ainda me culpo. No inicio, chorava antes de dormir e em todas aquelas lágrimas acabava por adormecer. Foram tempos difíceis, débeis. Mas foram esses tempos que me tornaram na mulher que sou hoje. Talvez se não tivesse passado por tudo aquilo, teria cometido sérios erros. Em tudo o que há de mau, penso que há sempre algo de bom, mesmo sendo a dor quase insuportável (assim pensamos nós).

Hoje ainda juntamos do chão alguns dos cacos que ficaram por apanhar. Tenho a esperança que um dia isso mude. Tenho fé.


(Não é dos melhores)