sábado, 23 de janeiro de 2010

Mudança

Parecia ser tudo tão perfeito…tudo tão eterno. Mas percebi que nada é para sempre. O passado fica para trás das costas. O teu sorriso, o teu olhar, o teu cheiro, o teu ar doce. Não podemos voltar a ser o que o tempo levou. Nada foi esquecido, nada se apagou das nossas memórias. Ainda lembro-me do sentido da vida. Ainda oiço as tuas palavras na minha memória. Ainda estão presentes como a dor que lido no dia-a-dia. Sim, eu sei parece estúpido. Mas apenas chama-se desespero. Nunca o sentiste? Então não és humano. Nada acontece por acaso. Com os erros aprendi…aprendi a calcular todos os meus passos, aprendia ser quem sou. Tornei-me forte, coisa que tu nunca foste. Fui capaz de passar por cima…e tu? Que fizeste? Ignoraste-me! Sabes como me senti? Sem chão, sem horizonte, sem objectivos a seguir na vida.
Voltei a esconder-me de mim mesma, voltei a ter vergonha de me olhar ao espelho…voltei a sentir que era um caso perdido…
Não te culpo, culpo-me apenas a mim, por ter sido tão ingénua.
Mas ainda me pergunto se te lembras de “nós”. Eu…eu lembro-me. As gargalhadas ficaram-me gravadas. A despedida…foi dolorosa, mas se assim não fosse ,não restaria muito de mim hoje. Pensei que o mundo tivesse desmoronado em cima de mim…mas não apenas foi o começo de uma nova vida, de uma nova identidade. Chorava à noite, quando no quarto o silêncio reinava. Chorava baixinho, com medo de ser descoberta. Esperei por ti, ainda com esperanças que voltasses. Com esperanças de poder voltar a correr para os teus braços, e gritar pelo teu nome. Percebi que a tua decisão estava tomada, nada fazia-te mudar de ideias. Limpei as minhas lágrimas, ergui a cabeça e acabei por sorrir…Mudei…não por ti, mas por mim. Não podia estar presa a ti. Até um dia.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Manhã de Inverno

Há quem me compare com as piores coisas do mundo da Natureza.
Naquela manhã fria, andava à tua procura. Queria ver-te, não sei o porquê, Mas era uma questão de vida ou de morte. Sabia que estava a exagerar. Naquele momento apenas eras tu quem me coordenava.
Apetecia-me chorar. Que estupidez!
“-Joana, não sejas criança.”- disse eu baixinho para mim.
Porquê? Não podia ser outra pessoa?
“-Oh santa ignorância.”
Olhei à minha volta, estava a chover, por incrível que parecesse a chuva era suave, caía lentamente. Batia na calçada como música de embalar.
Ali estavas tu, a dar-me a mão, acompanhavas-me naquela melodia tão intensa, tão perfeita e única.
Quando deste-me a mão, foi como se dois mundos tão diferentes se unissem.
Estaria a sonhar? Ou apenas seria a realidade, pura e crua? Uma imagem tão nítida.
Queria que o tempo parasse, ficássemos ali para a eternidade.
“-Obrigada.”- agradeci-te, impulsivamente sorri.